31.5.07
Fasano e o The Fat Duck, agora em versão integral
Minha primeira vez com as espumas
O restaurateur Rogério Fasano foi à Inglaterra experimentar a comida de vanguarda do Fat Duck, do chef Heston Blumenthal. No menu, sorvetes salgados, texturas estranhas e até mesmo um iPod para completar a experiência sensorial, como ele descreve
Rogério Fasano
Desde criança, sou daqueles conhecidos como "do contra". Basta inventarem uma nova tendência ou modismo que procuro uma ponte - parapassar por cima. Esse jeito de ser me faz invariavelmente adepto doditado "não fui, não vi e não gostei". Por isso, demorei tanto tempopara tomar conhecimento da chamada "atual modernidade gastronômica". Resolvi começar pelo que os aficionados desse tipo de cozinhaconsideram o mais ousado do mundo, o Fat Duck, a uma hora de Londres. Para quem não sabe, o chef Heston Blumenthal compete com Ferran Adrià, ano sim, ano não, como o melhor do mundo em várias publicações. Lá estamos, mesa para cinco: eu, minha mulher Ana, Drauzio Varella,sua mulher Regina e um amigo em comum, Isay Weinfeld (com quem já dividi inúmeros giros gastronômicos pela Itália). No caminho, fizemostodos a promessa de que iríamos sem preconceitos, para abrir nossasobtusas cabeças e entrar na experiência inglesa gastromolecular de Mr.Blumenthal. Afinal de contas, a Inglaterra é o berço da modernidade, e não é à toa que lá estão os geniais Paul Smith, Radiohead e JamieOliver
Apesar disso, no caminho sentia um certo frio na barriga. Nem a paz e a beleza do interior da Inglaterra eram capazes de me deixar mais tranqüilo. Tinha medo do que estava por vir. Venho de uma família que tem como filosofia que uma refeição perdida nunca é recuperada, daísofrermos tanto quando reclamações procedentes nos são feitas. Acidade é Bray; o lugar, um antigo cottage, arquitetonicamente charmoso, mas destruído por cinco quadros supostamente modernos, que fariam Picasso franzir a testa. Vamos ao que interessa:
Antipasto 1: nitro chá verde e mousse de limão.
Uma espuma de limão extraída de um sifão é jogada dentro de um potecom nitrogênio a 150 graus negativos, tornando-se imediatamentesólida, a comida vapt-vupt. O efeito? Quase nulo. Apenas amortece um pouco a língua; se soubesse o que viria pela frente, teria comido estas bolinhas como pipoca, para amortecer de vez o palato.
Antipasto 2: Ostra com molho de maracujá em mousse de gelatina.
Gostaria de deixar aqui uma pergunta: existirá no universo algum tipode molho que melhore uma ostra? Duvido. O nosso era um desses molhos que a nova cozinha tanto adora. Fico imaginando quem foi o sujeito queinventou que a comida gourmand tem que ser agridoce. Guilhotina nele.
Antipasto 3: Sorvete de mostarda com gaspacho de beterraba.
Desfrutamos o gaspacho de beterraba, com um insípido pãozinho servido frio. Quanto ao sorvete de mostarda, é exatamente o que se pode imaginar de um sorvete de mostarda. Estranhíssimo.
Antipasto 4: Pequenas geléias de sabores variados, que não consigodescrever, e cuja matéria-prima ninguém conseguiu identificar.
Antipasto 5: Pequenas torradas com trufas pretas. Excepcionalmente, são sólidas e normais na aparência. Chegaram a ser negociadas a pesode ouro, mas ninguém vendeu as suas. Mesmo sabendo, nós e o Sr. Blumenthal, que as trufas encontradas nesta época do ano são as piores que existem. Gostaria de fazer aqui um aparte: trufa é algo sublime que costuma mudar para melhor quase tudo aquilo que toca. Não confundir com óleo de trufa, que costuma ter o efeito contrário: destrói tudo e parece feito pela Esso, pois tem gosto de gasolina.
1º prato: Escargots com presunto espanhol e erva doce "barbeadas". Muito saboroso.
2 º prato: A quantidade de açúcar que acompanha o foie gras com cereja e camomila nos trouxe de volta à realidade.
3 º prato: Chamado sound of the sea; um espuma branca de textura estranhíssima, com uma espécie de areia-farofa servida ao lado. Eacompanhada de quê? De um iPod. Sério! Todos nós recebemos o aparelho, que fomos obrigados a usar, e que reproduzia barulhos do mar. Detalhe: o meu tinha uma camada extra de cera no fone de ouvido, deixada peloúltimo comensal. Fingi que não percebi e coloquei o meu, afinal decontas as pessoas vão ao Fat Duck para aplaudir, não para reclamar. Fica aqui uma sugestão, seria muito mais higiênico e faria o mesmo efeito, uma concha marinha.
Após retirarmos o iPod, Regina comentou: "Estive mês passado no que é considerado o restaurante mais antigo do mundo, que serve assados em Madri". A mesa quase veio abaixo. A curiosidade voltou-se toda para oque Regina havia comido. Isay, eu e Ana comentávamos o excepcional jantar que tivemos no Harry's Bar de Londres, um clube privado, que serve cozinha italiana, na síntese da modernidade: rústica, porém delicadíssima.
4 º prato: Já estava perdendo a paciência com nosso amigo Pato Gordo quando chegou um salmão pochê com aspargos, alcaçuz e grapefruit. Semexageros, considero o pior salmão que comi na vida.
Último prato: Excepcional costeleta de carneiro, porque estávamos naterra do melhor carneiro do mundo, mas era servida com um molho doce, muito doce. O Fat Duck é quase uma confeitaria, que serve alguns salgados.
Meu jantar aqui chegou ao fim. Pulei os doces, pois já tinha comido açúcar demais. Assim fez também Drauzio, que não come açúcar e já tinha ingerido sua dose pelos próximos 20 anos. A sobremesa mais famosa do lugar é um sorvete assim descrito: "nitro-ovos mexidos esorvete de bacon". Se o sorvete de mostarda já tinha sido duro, o que fazer então com a versão em bacon?
Os outros à mesa receberam o sorvete, mas apenas o tocaram, o que deixou os maîtres um pouco indignados. Não nos importamos muito, pois sabemos que nesses restaurantes, na grande maioria das vezes, o serviço é insuportável. Desde que alguns chefs foram elevados à categoria de diretores de cinema, seu staff age como coadjuvante degrandes estrelas. Eles se sentem contracenando com Marlon Brando oucomo assistentes de câmera de Stanley Kubrick.
Exceção feita a um simpático irlandês, ruivo, que a cada esquisitice servida à mesa, com muita ironia, após dez minutos de explicação decada prato, nos dizia: enjoy it! Como os recepcionistas da casa doshorrores.
Olhei para Isay - arquiteto moderno, antenado, culto, contemporâneo, enfim, entre os grandes - e entendi o que ele sente quando esta arquitetura feita com formas esdrúxulas é considerada moderna.
The end: a conta, 1.300 libras ou R$ 5.600, incluindo uma minúsculataça dos seguintes vinhos e saquê: Iphofer Kronsberg Silvaner SpatleseTrocken 2005; Vin de Pays des Côtes Catalanes, Le Soula, Roussillon;Vinoptima Gewürztraminer Reserve Gisborne; Rashiku Ginjo-SakeYamatogawa; Quinta da Falorca Reserva Dão; Barolo, Nei Cannubi LuigiEinaudi. Voltamos ao nosso motorista, mais inglês impossível, eacostumado a levar pessoas ao Fat Duck, que com muito sarcasmopergunta: "Any good?" Isay de bate pronto: "No". Motorista: "Lots of people say that". Penso: nem tudo está perdido.
(PS: Se você quiser passar pelo mesmo tipo de refeição, a espera é de aproximadamente dois meses.)
* Rogério Fasano é proprietário dos restaurantes Fasano, Parigi e Gero
30.5.07
Spaghetti ao molho de berinjela

28.5.07
Ai de mim, aipim
Ô inhame, a batata é uma puta barata. Deixa ela pro nabo nababo que baba de bobo. Transa uma com a cebola.
Aquele hálito? Que hábito! Me faz chorar.
Então procura uma cenoura.
Coradinha, mas muito enrustida.
A abóbora tá aí mesmo.
Como eu gosto de abóbora.
Então namora uma.
Falô. Vou pegar meu gorrinho e sair poraí pra procurar uma abóbora maneira
Té mais, aipim
Té mais, inhame
Chacal
Lamas

23.5.07
Ceviche da Telma

Ceviche da Telma
- 1 kg de peixe bem fresco (pode ser salmão, linguado, robalo, cavala) cortado em cubos pequenos, sem pele e sem espinhas
- suco de 6 ou 7 limões grandes ou mais, se pequenos
- 350 g de tomates maduros sem pele e sementes, picados em lascas ou cubos
- 1/2 xícara de chá de azeite de oliva
- 1 colher de chá de orégano
- sal e pimenta do reino a gosto
- 1 pimenta vermelha ou verde fresca bem picadinha, pode ser de cheiro ou dedo de moça (aqui em Caracas usa-se 'chilli serrano' ou 'aji picante', mas como aí no Brasil não tem, use pimenta de cheiro, que combina mais com peixe)
- 1 abacate pequeno não muito maduro, para que possa ser trabalhado sem desmanchar, sem casca, sem caroço e cortado em fatias.
- 1 cebola cortada em rodelas e separada em anéis, melhor se for cebola roxa.
- 1 xícara de chá de champignos frescos cortado em fatias.
- 1 maço médio de coentro bem picadinho (insubstituível e imprescindível pelo sabor)
- alface tipo americana para acomodar dentro o ceviche em porções individuais ou numa travessa.
Modo de preparo
Mergulhe o peixe no suco de limão, tampe e deixe na geladeira por pelo menos 5 horas ou até que o peixe se torne opaco e esbranquiçado. Mexa de vez em quando para que absorva por igual o limão. Melhor se fizer de um dia para o outro. Acrescente os tomates, a pimenta fresca, o azeite, o orégano, sal e pimenta do reino, misture tudo e volte para a geladeira por mais uma ou duas horas. Na hora de servir, misture com o champignons, parte do coentro, a cebola e enfeite com o abacate descascado e cortado na hora, e passe suco de limão pelo abacate para nao escurecer. Ponha tudo sobre as folhas de alface. O suco que ficou da marinada derrame sobre tudo e salpique o resto do coentro.
É muito bom, que dá agua na boca. Faça e depois me conte.
Já fiz, ó. Tá aí! Você acha que eu sou boba? Ah, esqueci de dizer que eu acrescentei um pimentãozinho... Hehehehe.
Uniforme perfeito para uma perfeita devoradora de papinhas
22.5.07
Rogério Fasano, meu mais novo ídolo




Enlatados do meu coração

Conservas, compotas, ingredientes finos, pratos prontos. Um grande universo de sabores, de petiscos a refeições completas, está guardado nas tradicionais embalagens de aço.
Ninguém está querendo convencer você de que eles são melhores do que comida fresca. Só estamos chamando a atenção para o vasto, variado e muitas vezes delicioso mundo dos enlatados. Nesta categoria de produtos envasados em embalagens de metal, a gama é extensa. Vai daqueles de larga produção industrial, populares, a iguarias. De ingredientes finamente trabalhados a pratos prontos. E inclui petiscos, pães, doces, frutas, numa variedade que vai muito além sardinha (a mais vendida, por aqui) e da sopa Campbell's (o emblema pop da modalidade, graças às embalagens eternizadas na obra de Andy Warhol).
Ingredientes
17.5.07
Sopa de peixe de Livorno (Antonio Carluccio)


16.5.07
O melhor queijo minas do mundo (para Marcelle e Alexandre)

14.5.07
Vatapá

12.5.07
Top 5 cook-book combination - Parte 1

Vai cozinhar bem assim...

11.5.07
Risoto de Lula (ou a Papa do presidente)

Olha, fui fazendo com o que tinha aqui em casa. Mas acho que deve ficar muito bom com outras coisas que combinam com a lula, como coentro, para quem gosta, pimentões, chilli. Na minha versão, o limão ganhou destaque. Assim, na foto, o Papa ficou meio branco, mas vai na fé. Depois agradeça (muito) a Deus.
9.5.07
Hora do lanche
8.5.07
A melhor empada do mundo




O Caranguejo é um boteco-restaurante de Copacabana, na esquina da Barata Ribeiro com Xavier da Silveira, em frente ao novíssimo metrô Cantagalo. Atrás do toldo que você vê na foto, há um balcão repleto de empadas de camarão sempre fresquinhas, porque a demanda é gigantesca. Encoste nele, em pé, peça logo duas de uma vez e um chopp. Uma pequena empada do Caranguejo cabe na palma da mão e desmancha na boca. Dentro, um camarão e uma azeitona preta pequenina, com caroço, óbvio. Não é possível descrever a sensação de prazer que se sente ao morder esta empada. É algo do outro mundo. Porque a empada do Caranguejo é a MELHOR do mundo. Desafio qualquer um a provar o contrário. Mas, por favor, não me falem de empada grande, cheia de massa e recheio de palmito, frango ou coisa que o valha (ou melhor, que não vale nada). Elas não têm valor, qualquer valor, nenhum valor.
Em homenagem ao Moacyr, ao Caranguejo e aos pequenos prazeres da vida, não vou postar receita de empada aqui. Seria desonesto, já que a melhor empada deste mundo e, quiçá, de outros, está prontinha para ser comida, ali, em Copacabana.
Receita do Ratatouille Niçoise

Pastel de queijo minas, tomate e alecrim

7.5.07
Ratatouille


3.5.07
Costeletas de cordeiro em crocante de ervas

Panelas, meditação, cozinha e alma

A única coisa que eu não gosto no livro "Meditando na Cozinha - crônicas & receitas", de Sônia Hirsch, é o gerúndio do título. O resto é só alegria. Sônia escreve de um jeito simples e acerta o ponto exato ao falar da beleza do ato de cozinhar. É de ler numa sentada. Só um trechinho interessante, sobre panelas mineiras (olha os mineiros aí de novo), meditação, cozinha e alma:
"Os japoneses têm longa tradição tanto na arte de meditar quanto na de lidar com vegetais, produzindo lindos pratos a partir das formas, cores e texturas que oferecem ao paladar. Têm também as melhores facas e tábuas, e uma infinidade de utensílios impensáveis antes e indispensáveis depois - pequenos raladores para gengibre, descascadores, peneiras de bambu, colheres, espátulas, pinças, recipientes para cozinhar no vapor - enfim, a boa loja de produtos japoneses é a disneilândia da cozinha.
Agora, no tocante a panelas, sejamos Brasil: as de pedra-sabão, mineiras, são imbatíveis. Feitas de uma coisa completamente natural, pedra, curada no forno com outra coisa completamente natural, óleo. Pesadas. Não pode lavar com detergente porque entranha, só sabão e esponja. Em compensação, nenhuma outra panela vai refogar cebolas no azeite com tanta ternura quanto a de pedra: devagar, cozinhando cada partícula de cebola até deixá-la doce e transparente, e se continuar fica dourada e vira manteiga de cebola, uma coisa maravilhosa para passar no pão. (Não rende, ponha no mínimo dez cebolas.)
Importantíssimo no ritual da cozinha: não perturbá-la batendo colheres na boca das panelas, fazer tudo silenciosamente. A leveza ao pousar a tampa no bule ensaia a leveza da vida. Mexer uma panela prestando atenção é igual a desenhar uma mandala, faz efeito no ser inteiro.
Comida e alma se dão muito bem. Cozinhar pode ser uma prática tão rica em significados e insights quanto qualquer outra. Além de acalmar a mente, como toda meditação que se preza."
2.5.07
Le Louis XV



Na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo (veja o link abaixo), nosso digníssimo DOM, do Alex Atala, subiu 12 posições do ano passado (está em 38) para este e é o único representante brasileiro no escrete. Como observei que o Le Loius XV, de Alain Ducasse, aparece em oitavo lugar, resolvi postar aqui a foto do restaurante, que tirei quando estive em Mônaco, em 2005, só a título de curiosidade. Claaaaro que meus pezinhos não pisaram lá dentro, óbvio. Só tem bala para isso quem frequenta aquele cassino ao lado (na última foto) . Ah, a segunda foto é a vista de Mônaco, da estrada. Lindinha, mas para poucos.
http://www.theworlds50best.com/2007_list.html
Coxinhas de frango

http://tudogostoso.uol.com.br/receita/1363-coxinha-pratica-deliciosa.html
Tiramisú aux fraises - receita
Para 6 a 8 pessoas
Preparação: 30 minutos + 2 horas de geladeira
Ingredientes:
250 g de queijo mascarpone
4 ovos
50 g de açúcar
20/30 biscoitos champagne
800 g de morangos frescos médios
Rum - o quanto quiser
Modo de preparo
1. Bata no liquidificador 100g de morangos, junte rum a gosto e um pouco de água, a ponto de poder molhar os biscoitos
2. Prepare uma travessa com os biscoitos embebidos na mistura e os outros morangos cortados em rodelas
3. Misture as gemas com o açúcar e bata até ficar um creme esbranquiçado
4. Adicione o mascarpone e misture até que o creme fique homogêneo
5. Bata as claras em neve, adicione ao creme delicadamente (obs: não bata! mexa delicadamente!)
6. Despeje o creme na travessa e pronto. Decore com moranguinhos ou como desejar.
7. Deixe na geladeira por, pelo menos, 2 horas.