24.7.08

Belmonte na Cadeg?



Meu amigo Alexandre Arruda, jornalista dos bons, é um romântico-nostálgico, como esta que vos fala. Esteve na Cadeg dia desses e não se conformou com o que viu: o fim de uma tradicional churrasqueira do tradicional point de Benfica, o tradicional bairro do Rio de Janeiro. Enfim, a onda do "mudérrrno" passa por esta cidade e não deixa pedra sobre pedra. Arrasa quarteirões, botecos, garrafas, histórias e até churrasqueiras. Por isso, meu amigo Arruda não deixou barato e escreveu as linhas indignadas que se seguem. Reproduzo com prazer e faço minhas suas palavras. Mais uma vez, obrigada pela colaboração, companheiro de romantismo e nostalgia! (Veja as fotos e compare as duas: a antiga e a nova, que até brilha. Onde já se viu boteco ter equipamento que brilha desse jeito, rapá?)

"Encostado no balcão, tentava engolir a cerveja, que rasgava a garganta. Não podia acreditar no que via. Ali, na minha frente, estava ela, imponente, reluzindo ao sol.
Faiscava como prata nova, recém-polida.

As velhas companheiras, porém, não se intimidavam. Continuavam a exercer sua função com a dignidade de quem sabe o seu valor. A brasa crepitava e corava os enormes nacos que giravam lentamente, movidos pelas antigas engrenagens expostas e sujas de graxa. Vários andares de carne suculenta que podem ser apreciados de qualquer ângulo que se olhe. Ou melhor: podiam. Porque vão aposentar as duas mais tradicionais churrasqueiras da Zona Norte: as da Cadeg, em Benfica.

No seu lugar, um caixote de metal como os que existem em restaurantes 'a quilo'. E crime dos crimes: não duvido que seja a gás. A gás!

No sábado ela já estava lá, ainda desligada (é, porque essas coisas têm até botão de 'on' e 'off').
Por via das dúvidas perguntei ao homem de balcão, como quem não quer nada: 'vão trocar?' e a resposta veio fulminante: 'uma já está até vendida'. Nem tudo está perdido, porque em algum lugar elas continuarão existindo.

É por isso, Anastácia, que mando esta carta. Para registrar o fim de uma era. Agora, quando nos reunirmos ali para a velha cerveja amiga, não teremos o espetáculo visual de outrora, nem a fumaça cheirosa que dominava o ar. Agora é tudo 'limpinho'. Qualquer dia vamos chegar lá e, em vez do boteco, vai ter uma filial do Belmonte."

16.7.08

Boteco Casual Retrô





Passear pelo centro do Rio de Janeiro é uma das das minhas atividades preferidas. Se puder andar por lá e ainda almoçar no Casual Retrô, do Chef Santos, nada mais falta para me deixar feliz por um dia inteiro. E se eu puder ainda devorar uma punheta de bacalhau (R$ 19,00), como esta da primeira foto, com o divino pão que a acompanha, posso morrer ali mesmo. É uma das melhores que já comi, garanto. Sempre indico a punheta, ops, do português-torcedor-do-Sporting Chef Joaquim Santos, para qualquer um que me perça boas dicas. Mas preste atenção: á quase um prato de alho com bacalhau, porque o danado carrega do alho - e no azeite, claro. Eu adoro. A porção só tem um problema: duas pessoas podem ficar satisfeitas ali mesmo. Depois, é preciso pedir um prato para dois, porque a punheta é a boa que satisfaz. Da última vez que estive lá, dividi um escondidinho de bacalhau (R$ 37,00) delicioso, embora eu tenha sentido a falta de um pouco mais de sabor do peixe. Mas a textura e cremosidade do prato são incríveis. Adoro pensar que estou comendo papinha de criança. Dizem que é por isso que a tal comfort food faz sucesso. Bom, no Casual Retrô, também já devorei pratos de frutos do mar, bolinhos de bacalhau e outras
delícias. O prato do dia é sempre a melhor pedida, e com as entradinhas, pode ser dividido. Vá lá sem medo. E beba um chopp geladinho por mim.
Boteco Casual Retrô
Rua do Rosário, 24, Centro, Rio de Janeiro
tel. (21) 2233-6904

9.7.08

Caldo de Piranha




Resolvi fuçar na internet para encontrar um restaurante legal e curioso em Teresópolis e descobri o Caldo de Piranha, muito conhecido na cidade. Para chegar até lá, um lugar escondidinho, bastaram as indicações de pessoas na rua. Aliás, escondidinho foi o que comemos, de camarão. MARAVILHOSO. Sério. Um dos melhores que já provei. Adoro este aipim praticamente líquido, desmanchado. Saborosíssimo. E o requeijão, que em muitos escondidinhos por aí vem em exagero e não é dos melhores, estava delicioso e na medida certa. O caldo de piranha propriamente dito, que dá nome ao restaurante, estava gostoso, mas nada que se compare ao escondidinho. Os pastéis de camarão, idem, embora saborosos. Como os pratos principais são grandes - um escondidinho para dois serve três a quatro pessoas tranquilamente -, sugiro que você prove só o caldinho, e guarde a fome para o principal. Será difícil escolhê-lo, porque o cardápios sugere coisas deliciosas (olhe aqui: http://www.caldodepiranha.com.br, tem até fotos), a maioria com frutos do mar e peixes. O ambiente é simples, os preços são excelentes (nossa conta, para dois, com caldo, pastéis, escondidinho e algumas cervejas Therezópolis, não chegou a R$ 100,00) Adorei e voltarei sempre que possível. Recomendo.

Caldo de Piranha
R. José Elias Zaquem, nº 305, Agriões, Teresópolis (RJ)
Tel: (21) 2742-288121 e 2643-4908
De terça a domingo, de meio dia a uma da manhã

As vendinhas XIII

Mais uma série. Este é um mercadinho de Teresópolis, no centro da cidade.

8.7.08

Viagem no tempo: coquetel de camarões


Tenho a alma retrô, sabe? E quando minha mãe vem de São Paulo, ou quando vou visitá-la em Sampa, e sempre que dá tempo, fazemos algo no fogão que nos faça voltar no tempo. Minha infância teve muito estrogonofe, filé ao poivre (minha mãe adora amassar as pimentinhas e usar em qualquer receita), melão espetado com pedacinhos de presunto (nas festinhas, invariavelmente). Naquele tempo, camarão era artigo de luxo lá em casa, só de vez em quando, por isso, coquetel de camarão, jamais! E por isso também, da última vez que nos encontramos, assim que minha mãe pronunciou "coquetel de camarão", sugerindo que experimentássemos uma velha receita, eu, em câmera lenta, levantei os braços e vibrei: "Yes!Coquetel de camarão! Eu nunca comi, eu nunca comi!" (Como diz meu amigo Alexandre Arruda, "pobre não recusa camarão"). Sempre ouvi falar do tal coquetel, e olha minha ignorância, não sabia que levava álcool! Pois fiquei quase bebum com esse aí da foto, porque dona Cecília mandou ver, hahaha. Reproduzo aqui a receita do livro Dona Benta - Comer Bem, embora aqui em casa a gente tenha improvisado com vodka, na falta de gim. Ah, sim, nós também ignoramos o gelo moído, acho que não fez muita falta.

Coquetel de Camarão
- 2 xícaras de maionese
- 3/4 de xícara de creme de leite
- 1/2 xícara de ketchup
- 1 colher de sobremesa de molho inglês
- 1 colher de sopa de gim
- 250 gramas de camarões pequenos cozidos
- 500 gramas de camarões médios cozidos
- sal e pimenta do reino

Modo de Preparo
1. Pique grosseiramente os camarões pequenos e coloque-os em uma tigela. Adicione a maionese, o molho inglês, o gim, o creme de leite e o ketchup. Tempere com sal e pimenta e misture bem. Leve à geladeira.
2. Coloque o creme em taças próprias, sobre gelo moído, e enfeite, colocando os camarões médios inteiros ao redor das taças.
3. Leve para gelar.

Anastácia também é cultura: Segundo o livro As cem receitas mais famosas do mundo, de Roland Gööck (uma publicação do Círculo do Livro que tem mais de 30 anos, presente da minha amiga Rosinha), os americanos inventaram o "coquetel de lagosta", nos anos 70. Mas, como diz o livro, "a lagosta não é, de fato, um manjar acessível", o autor sugere: "também podem servir com este molho camarões". Ou seja, tenho cá para mim que a moda do coquetel de camarões, que nos anos 70 e um pedaço dos 80 foi uma verdadeira febre mundial, nada mais seja que a releitura desta receita. Aliás, no livro de Gööck, a receita leva conhaque, e não gim, e ainda aspargos e cogumelos.

6.7.08

Di Cunto II



Já que falamos de de doce de amendoim no último post, continuemos no tema com os doces da confeitaria da Mooca (role alguns posts abaixo e descubra a melhor coxinha do mundo). Em homenagem aos Di Cunto, família que tanta alegria dá aos paulistanos e aos que visitam a cidade, reproduzo uma receita de creme inglês, que recheia os três doces da foto, retirada do belíssimo livro "Larousse da Cozinha Italiana", de Laura Zavan:

Creme Inglês
- 500 ml de leite integral
- 4 gemas à temperatura ambiente
- 80g de açúcar
- 1 fava de baunilha

Ferva o leite com a fava cortada ao meio. Bata as gemas com o açúcar num recipiente de inox. A mistura deve ficar esbranquiçada. Sem parar de mexer, despeje lentamente o leite quente sobre as gemas, através de uma peneira fina. Coloque o recipiente sobre uma panela com água a ponto de ferver e deixe o creme engrossar. Com uma colher de pau, mexa sem parar. O creme está no ponto quando seu dedo deixar uma marca na superfície. Para esfriar, mergulhe o recipiente em água gelada e mexa. Consuma no mesmo dia.

Amendoim do Lela

Lela (ou Lelinha), o Leandro Valverdes, amigo de longuíssima data e um dos meus seis leitores, generosamente, e depois de muita insistência de minha parte para que ele colaborasse com o Anastácia, mandou este vídeo onde prepara um "Cricri". O doce, feito de amendoim, foi confeccionado por ele e a gaúcha Leila (ou Leilinha, como ele diz) especialmente para a edição junina da Bicicletada - movimento dos ciclistas com o qual simpatizo muitíssimo (http://www.bicicletada.org). Ainda estamos em tempo de festas juninas, portanto, assista e descubra o segredo de um bom "cricri". Hum... delícia... Brigada, Lela e Leilinha!

1.7.08

Café no Parque Lage






Todo mundo precisa ir ao Parque Lage pelo menos uma vez na vida, nem que seja para conhecer as locações de Terra em Transe, de Glauber Rocha. Se ainda puder tomar um gostoso café enquanto admira este lugar lindo (cuja construção inciou em 1849 e até os anos 60 era, inacreditavelmente, a propriedade paricular de uma família), melhor ainda. Pois foi o que fiz num fim de semana recente. Fui ao Café du Lage (um casal gasta cerca de R$ 35,00 e sai muito satisfeito), e sentei ao lado de quadros e instlações produzidas pelos alunos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, expostos no belíssimo pátio interno da casa. Dali, é possível subir o morro do Corcovado, e parece que a caminhada leva pouco mais de uma hora. Se não estiver afim de subir coisa alguma, como era meu caso, contente-se com a belíssima vista para o Cristo Redentor e uns passeios rápidos nos bosques, com cascatas, grutas e até uma torre no melhor estilo "Rapunzel, jogue suas tranças". Coisa linda, e para não abandonar o velho chavão, "nem parece que estamos no meio da cidade". O café é gostoso, embora o atendimento seja um dos mais lentos da cidade. Mas não importa, o negócio é relaxar. Coma frutas, suco de laranja, iogurte com granola, misto quente, pãezinhos variados... e aproveite. Hum, delícia.

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Parque Lage
Rua Jardim Botânico, 414
Aberto de segunda a quinta de 9h às 22:30, e de sexta a domingo, de 9h às 17:30