31.1.07

Velhinhos Japoneses também são Fofos


Ainda mais assim, sentadinhos, na Liberdade.

As vendinhas III


Esta é uma feira em Paris. Cogumelos, amores da minha vida. Um mais lindo que o outro, um mais estranho que o outro, todos ali, em abundância! Sensacional.

Velhinhos Portugueses são Fofos II


E, sim, são todos iguais mesmo.

Velhinhos Portugueses são Fofos I


Além de fofos, são todos iguais

Singelo, não?


Perguntei que queijo tão meigo, pequeno e macio era aquele, "de vaca?". "É um queijo regional, minha senhora, não tem leite de vaca", me explicou o português dono da venda (sim, aqui no Porto, os portugueses também são donos de vendas). "Tem leite de ovelha e de cabra". Ah, ótimo, parece bom, pensei. "A senhora prefere um queijo mais duro ou mais amanteigado?". Respondi que, para mim, quanto mais mole o queijo, melhor. E levei esta coisinha pequena e singela na mochila, por 1,35 euros, ou o preço de um bilhete de metrô no Porto. Aprovei. Um queijo forte e de cheiro forte, casca bem dura, mas por dentro quase derretido. Delicioso.

Ó, Liberdade!


Sei que exagero nas opiniões e sou definitiva sobre algumas coisas, mas não vou me furtar desta vez: a Liberdade é o melhor bairro japonês do mundo! Só não posso comparar com o Japão, claro. Mas um dia ainda chego lá e acho que vou conseguir provar que a Liberdade é ainda melhor, e meu amigo Nagassan me ajudará nesta tarefa -para a qual terei outros auxiliares apaixonados, como minha irmã, Bel e, bem-vinda ao clube, minha amiga Tainá. Ó, Liberdade, és mais que um bairro, és a prova da existência de Deus! Não és dos orientais que escolheram São Paulo para viver, és de todos nós! Pelas gôndolas de teus supermercados, ó, Liberdade, sou capaz de cometer loucuras inenarráveis!

Shitakes, shitakes, shitakes, deixem a Liberdade e venham a mim! Tragam consigo sushis, tempuras, salgadinhos de arroz, yakissobas, brotos e mais brotos. As algas, deixem algumas comigo e leve todas as outras para Juliana, que agora come em dobro. Depois, claro, pulem nos nossos risotos, massas, molhos, filés, que vocês merecem.

As vendinhas II



Vou desovar todas as fotos de feiras que eu tenho! Vamos lá. Estas são duas barracas da tradicional feira de peixes e frutos do mar de Marseille, França. Repara no tamanho do atum deitado ali... atum é sempre grande, mas este tá generoso. Chegamos no final da tarde, mas deu pra sentir o cheiro de peixe e de quebra ainda assistir ao pôr do sol maravilhoso que os barcos dos pescadores proporcionam. Eu só voltaria para Marseille se a viagem fosse paga e me dissessem: "Você vai só para comprar na feira". O resto da cidade não tem muita graça, se comparada a outras cidades do litoral sul da França. Enfim... vamos à feira, Anastácia.

As vendinhas I


Muitas coisas me fascinam, mas barracas de feira, vendinhas com legumes e verduras expostoas na porta me fascinam mais que todo o resto. Um dos meus projetos modestos de vida é ainda fazer muitas fotos iguais a esta, que tirei no Porto, ao lado da Torre dos Clérigos - um dos principais cartões postais da cidade. Legal é ficar olhando depois, analisando cada ingrediente, lendo as plaquinhas dos preços. Parece que estou de novo em frente às barracas. Esta aí é especialmente gostosa de se olhar - super colorida, tão grande que ocupa um pedação da calçada e, o melhor de tudo, cheia de bacalhaus pendurados!

Pão de mel dos deuses


Comprei, lógico, no Bolhão. Di-vi-no. Porque, se tem uma coisa que os portugueses sabem fazer é doce. Ramiro, lembrei de você. Olha que lindo! Nada de pensar naquele pão de mel que se come no Brasil - os de supermercado ou aqueles mais sofisticados, quase um bolo de mel recheado com doce de leite ou outros ingredientes nada a ver. Este aqui é pão de mel de macho, por assim dizer. É um pouco duro, bastante doce e cheio de amênsoas na massa. Delicioso. Já que a senhora que me vendeu se recusou a me dar a receita, e tem toda a razão de manter segredo, segue uma que nunca testei, mas parece bem gostosa - claro que está mais próxima daquela que a gente como no Brasil.

Pão de mel

Ingredientes
Massa:
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de mel
1 xícara (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de leite
2 colheres (sopa) de manteiga em temperatura ambiente
2 ovos
1 colher (sopa) de bicarbontato de sódio
1 colher (chá) de noz moscada
1 colher (chá) de cravo em pó
1 colher (sopa) de canela em pó
Manteiga e farinha de rosca, o quanto baste para untar

Cobertura:
200 g / 1 tablete de chocolate meio amargo, picado
2 colheres (sopa) de manteiga

Modo de preparo:
Massa:
Unte uma forma redonda ou retangular com a manteiga e a farinha de rosca.
Ligue o forno em temperatura média (180 graus).
Na tigela grande da batedeira, coloque o açúcar, o mel, a manteiga e os ovos inteiros (sem a casca).
Bata muito bem.
Acrescente alternadamente o leite e a farinha de trigo, sem parar de bater.
Coloque primeiro uma xícara de farinha, em seguida ½ xícara de leite e assim por diante.
Depois da última adição, pare de bater.
Junte o bicarbonato e as especiarias.
Misture delicadamente.
Despeje a massa dentro da assadeira untada e leve ao forno pré-aquecido.
Asse por 15 minutos em temperatura média, abaixe o fogo o máximo que puder e asse por mais 20 minutos.
Para ter certeza que o bolo está assado, espete um palito.
Se sair seco, o bolo está pronto.

Retire do forno e passe uma faca de ponta redonda nas laterais da assadeira.
Deixe esfriar e desenforme (coloque um prato sobre a assadeira e vire de uma vez).
Cubra o bolo com a cobertura de chocolate.

Cobertura:
Coloque água numa panela e leve ao fogo alto.
Quando ferver abaixe o fogo.
Coloque o chocolate picado e a manteiga numa tigela grande.
Coloque a tigela sobre a panela com água fervendo para derreter o chocolate em banho-maria, o segredo é não deixar a água encostar na tigela.
Mexa bem o chocolate com a manteiga até dissolver completamente, cerca de 4 minutos.
Quando o chocolate estiver derretido, desligue o fogo e retire a tigela da panela.
Com a ajuda de uma faca de ponta redonda, espalhe o chocolate nas laterais e na superfície do bolo.
Se você quiser o pão de mel em quadradinhos, use uma assadeira retangular para assá-lo. Corte em quadrados e para cobri-los com a cobertura, espete um palito em cada pedaço e mergulhe, um a um, no chocolate derretido.
Porém, triplique a quantidade dos ingredientes da cobertura (3 tabletes de chocolate e 6 colheres de manteiga).

Para secar, coloque sobre uma grade, ou sobre uma folha de papel manteiga.

O Mercado do Bolhão





Se pudesse, eu não saía de dentro deste Mercado. A ala sul foi desocupada há alguna anos porque, dizem os técnicos, pode cair a qualquer momento. Visivelmente degradado, restam apenas 117 comerciantes no prédio belíssimo de arquitetura neoclássica erguido em 1850 -- no mesmo lugar onde já havia um antigo mercado. Ainda assim, é possível se divertir bastante lá dentro. Senhoras portuguesas baixinhas, gordinhas, de roupas sobrepostas e aventais, bigodes, vendem peixes, legumes, verduras, galinhas vivas, pássaros, flores, artesanatos, pães, temperos... e azeitonas e tremoços, claro. O prédio tem três andares e um vão central, onde ficam as barracas. A prefeitura tem três opções para o Mercado: tranformá-lo em hotel ou manter a estrutura atual embaixo e desarrumar tudo em cima para abrigar restaurantes. Mas pensar em reformar mesmo, nada. Pelo menos ainda está lá, não foi demolido como fizeram com o Mercado Municipal do Rio de Janeiro - que, aliás, provavelmente era maior e mais bonito...

30.1.07

Umas e ostras


Aenção: achei que seria impossível encontrar ostras no Rio, além daquelas servidas na beira da estrada que leva às Guaratibas da vida, Pedra e Barra, ou uma ou outra. Aquela ostra fresquinha, com cheirinho de mar e, o melhor de tudo, baratinha, para mim era a única que se encontrava no Rio. Eis que descobri, sem querer, que a Adega Pérola tem ostra. Não posso comentar, nunca comi tão fna iguaria lá nas paragens de Copacabana. No dia em que minha avó acordou com desejo de ostra, e eu imediamente me inspirei pelo desejo dela, resolvi não arriscar e optei por um lugar chamado Umas e Ostras, na Tijuca. Tivemos o cuidado de ligar antes. Vai que o sujeito do outro lado diz "não, dona, é só o nome mesmo, tem ostra aqui não". Nada disso. Foi batata, "tem, claro, né? O restaurante com um nome desses..." Fomos. Eis a porção de ostras que eu e minha avó devoramos em questão de poucos minutos - aliás, eu tive que me apressar, porque a dona Ignez meteu o pé no acelerador e deglutiu algumas a mais. Recomendo: ostras gigantes, porção de 10 a 12, R$ 25,00. Para quem ama ostra, vale a pena. Não posso comentar outro pratos do restaurante, porque só comemos as ostras e nos mandamos para o velho e bom Siri, sobre o qual falarei em breve. (No Umas e Ostras não é permitido fumar e minha avó é uma chaminé).

Umas e Ostras
Rua barão de mesquita, 235 - tijuca
2568-7128/3872-2846

18.1.07

Só para olhar


Nem entrei neste restaurante para não me decepcionar... tão lindo por fora, vai que pode dentro era pão bolorento. Achei melhor não arriscar. Mas postei aqui em homenagem à Mariana. Achei que era a sua cara, baby. Não só porque é em Montmartre. É romântico... que esta tua pose de desapegada não me convence, não. Hehehehe.

O primeiro bacalhau (decente) a gente nunca esquece


Bacalhau! Sempre odiei, até conhecer o Ramiro. Na fase da conquista, o carioca-português me levou para passear em Itaipava. Fomos ao Parrô do Valentim. "É um dos melhores restaurantes do Brasil", dizia o galanteador, querendo impressionar. Ramiro não é muito de tomar decisões rapidamente quando se trata de comida, costuma passar horas analisando um cardápio. E mesmo quando a intenção é só beber, folheia os menus, só porque gosta. Mas eu só descobriria a faceta indecisa do moço depois. No Parrô (aliás, nunca mais voltei lá, pena), deu a decisão sem pestanejar. Um bacalhau com natas, por favor. Pensei imediatamente nos sacrifícios que se faz quando se está apaixonada. Imaginei que aquilo ficaria guardado pra sempre em mim, e se a gente um dia casasse e depois se separasse, fatalmente eu jogaria na cara dele todas as concessões que fiz durante a vida a dois. E aquela certamente seria uma delas. Eu odeio bacalhau. Ou melhor, odiava.

Desceu o tal bacalhau com natas. Fechei os olhos e me concentrei. Não sei se foram os lindos olhos do Ramiro ou se, de fato, eu havia nascido para gostar de bacalhau. Finda a refeição, eu, surpreendida, contei que não gostava daquele peixe salgado, para desespero do interlocutor. "Vixi, meu Deus, por que você não me avisou? E eu nem costumo pedir assim, sem perguntar". Ah, que é isso, Ramiro. Ainda bem que você deu uma de macho aquele dia. E hoje, já são ncontáveis os pratos de bacalhau que comemos. Incontáveis. Este da foto é um deles. Foi traçado num restaurante no Porto, em frente ao Mercado do Bolhão.

Não posso dar muitas dicas sobre o Parrô do Valentim, estivemos lá há alguns anos. Mas confira o site e a receita do bacalhau que tirei de lá.


BACALHAU COM NATAS

Ingredientes

3 postas de bacalhau;
4 cebolas;
1 dente de alho grande, picado;
1 folha de louro;
1/2 xícara, das de chá, de azeite;
1 pacote de creme de leite;
Sal e pimenta do reino, a gosto;
Farinha de rosca;
Puré de batata;

Ingredientes do Puré de Batata
1kg de batatas;
1 colher de manteiga ou margarina;
1 pitada de pimenta;
1 pitada de noz moscada;
Leite;
Sal, a gosto.

Como preparar

O bacalhau, previamente demolhado, deve ser limpo, tirando-se dele a pele e as espinhas e desfiado. Num tacho, em fogo brando, leve a cozer no azeite, a cebola cortada em rodelas finas e o dente de alho picado. Junte a folha de louro e o bacalhau desfiado e deixe refogar, sempre em fogo brando, mexendo, de vez em quando, com uma colher de pau, até a cebola ficar transparente. Retifique o tempero de sal e pimenta do reino e reserve.Para obter-se um puré de batatas mais saboroso, as batatas, depois de cozidas em água e sal e amassadas, devem ser temperadas com noz moscada, pimenta do reino e margarina ou manteiga. Acrescenta-se, então, o leite morno, aos poucos, até que se obtenha a concistência desejada e retificam-se os temperos. Forre um tabuleiro de pirex com o puré de batatas e, por cima espalhe o bacalhau. Cubra tudo com creme de leite fresco, ligeiramente batido e polvilhe com farinha de rosca. Leve a gratinar em forno quente, por alguns minutos, sirva bem quente.

Um chopp e uma azeitona, por favor


O sujeito chega no balcão do boteco e pede:

- Me vê um chopp e uma azeitona, por favor.

Eis que o garçom lança mão de um palito Gina, arrasta o vidro da vitrine de acepipes, espeta uma azeitona preta mergulhada no azeite e entrega pro cliente. Depois, tira o chopp bem tirado, saca uma bolacha e deposita no balcão.

- Obrigado.

O cliente limpa o caroço da azeitona em alguns segundos e atira o que sobrou dela na calçada. O garçom, gentil, pergunta:

- Mais uma?

O sujeito balança cabeça pra cima e pra baixo, mais um palito Gina, mais uma bolota preta. E põe fim ao chopp gelado.

- Quanto é?

- 4,50, um chopp, duas azeitonas.

Nunca presenciei este diálogo, mas um garçom da Adega Pérola, em Copacabana, me garantiu que acontece dia sim, dia não. Se o cliente reparar na vitrine de acepipes, talvez a mais variada (são mais de 70 opções!) e saborosa do Rio, vai ver um refratário cheio de azeitonas pretas no azeite com a seguinte plaquinha: "R$ 0,90 a unidade". A porção de 100 gramas sai por R$ 9,00. Se a vontade for irresistível, peça, mas eu não recomendo. Azeitona e arroz branco se come em casa, diria uma tia minha.

A Adega tem outras porções mais interessantes. Por exemplo, é um dos poucos botecos da Zona Sul do Rio (aliás, não conheço nenhum outro) onde se pode comer uma porção de ostras, seis por R$ 13,00, preço razoável. Para os mais roots, moela. Mas gosto mesmo é da lingüiça no vinho, surpreendente. E nas prateleiras, o bacalhau seco pendurado divide espaço com latas de leite moça, giletes e outros artigos de mercearia. Dizem que já foi muito frequentado por artistas da bossa nova e do tropicalismo. Eu mesma nunca vi nenhum lá, mas uma amiga encontrou a Bebel Gilberto e quase foi embora com ela.

Rua Siqueira Campos, 138 - tel. 2255-9425
De seg a sáb, das 10h às 24h

14.1.07

Onde é que já se viu?


Parei para fotografar uma mercearia no Porto, em Portugal, setembro de 2005. Mirei num lindo e imenso bacalhau seco pendurado na porta, achando que estava fazendo qualquer coisa normal, coisas que turistas fazem. E fui surpreendida pelo seguinte comentário, em tom agressivo, proferido por uma lusitana estupefata que passava (sotaque): "Ora, mas onde é que já se viu fotografar bacalhau?". Gargalhei de mim mesma. Mas claro que eu não fotografaria um cacho de bananas pendurado na porta de um mercadinho carioca. Onde é que já se viu?

Nasceu no Penafiel


Eu almoçava bem almoçado no Penafiel (Saara, em frente à Casa Turuna, onde Carmem Miranda comprava fantasias, no Rio). Depois de um barraco na Polícia Federal e antes de traçar um honesto pernil de cordeiro ao molho de hortelã (que vale a pena), Octacílio Freire, que eu passei a chamar de coach, deu a idéia: "Cria um site de gastronomia, cria". A intenção não era a rima, mas aquilo combinou tanto com o que eu sonhava em fazer da vida... Ei-lo. Não sei no que vai dar. Mas estamos aí. Faremos os 10% possíveis para que dê certo. Brigadão, Octa. Se melar, perdoe-me. (Tainá, obrigada pela pose!)

Vá ao no Penafiel. A casa é de 1913, o gerente é simpático, a comida é boa. Experimente o arroz de bacalhau. Três pessoas comem muito bem por R$ 45,00. Para sobremesa, peça o toucinho do céu (aquela torta portuguesa de amêndoas e ovo de sobra), por R$ 8,00.

R. Senhor dos Passos, 121, Centro, 2224-6870
É apenas um teste, pardon