15.12.07

Arroz de pato


Acho que este é o mais famoso arroz de pato do eixo Rio-São Paulo, servido no Antiquarius (das duas cidades) e nos seus filhotes Da Silva, o "quilo chique" da casa. Procurei na Internet pela receita original, mas nada de encontrar. No canal UOL Estilo, achei uma receita que parece bastante com o prato do restaurante português (mas aviso que não testei, hein?):

Ingredientes (para 8 pessoas)
- 1 pato de 1,5 kg
- 1 cebola picada
- 1 maço pequeno de salsinha picada
- 2 cabeças de alho
- 1 tablete de caldo de carne
- 1 pitada de molho inglês
- sal
- 400 g de arroz
- 50 g de azeitonas verdes sem caroço
- 300 g de linguiça portuguesa em rodelas

Modo de preparo
Cozinhe o pato inteiro em uma panela, em fogo baixo, com a cebola, a salsa, o alho, o caldo de carne, o molho inglês e o sal por cerca de uma hora ou até ficar macio. Retire do fogo, coe o caldo e reserve. Corte o pato em pedaços pequenos. Prepare o arroz com o caldo reservado (se necessário acrescente mais água). Para servir, coloque o arroz em uma travessa, distribua o pato e as azeitonas. Enfeite com as linguiças.

E para comer o verdadeiro e delicioso arroz de pato do Antiquarius, vá até lá:
Em São Paulo, na Alameda Lorena, 1884. No Rio, na Aristides Espínola, 19. Nos dois, prepare-se para gastar bem (mais de R$ 100,00 por pessoa?). Ou faça como eu e conheça o Da Silva, na avenida Graça Aranha, 187, no Centro carioca. No "quilo chique", o mesmíssimo prato, feito com os mesmíssimos ingredientes (pelo menos é o que garante o Antiquarius) onera menos seu bolso. Vale cada centavo.

13.12.07

Sushi with your hands

Taí uma coisa sobre a qual nunca falei no blog: comida japonesa. É incrível, porque eu a-mo as iguarias japinhas. Mas ontem li uma matéria engraçada no jornal O Globo e resolvi comentar aqui. Ainda estou estupefata com uma informação, o que só revela minha completa ignorância em assuntos culinários-nipônicos: sushi não foi feito para ser comido com pauzinho. Mas só o sushi, aquele tem o arroz embaixo e o peixe cru em cima (aliás, dizia lá também que o shoyu é só para o peixe. Nada de encharcar o arroz de molho de soja). Vivendo e aprendendo. Ou seja, o hashi deve ficar em repouso na mesa enquanto você devora um prato como este da foto (com o qual me atraquei há umas duas semanas) com as mãos. Simples assim.

E meu amigo Claret, sobre o qual falei aí embaixo há alguns dias, me contou uma história boa. No Japão, a trabalho, Claret sentou numa espécie de quiosque, onde os sushis vão passando numa esteira ao redor da mesa - coisa que o Brasil copiou há tempos. O velho sushiman, quando viu a atrocidade que o moço estava prestes a cometer - comer com pauzinhos - deu-lhe um tapa na mão: "It's better with your hands", mandou o sábio japonês.

Mil desculpas com bolinho de bacalhau

Pessoal, peço desculpas pela demora em atualizar o blog. O trabalho está consumindo (como na a música de Geraldo Pereira, alguns já dizem "você tá ficando acabada, xiii, você tá sumindo..."). Mas o fato é que ninguém deixa de comer, e está missão, para a qual vim ao mundo, tenho cumprido muito bem. Portanto, muitas fotos, muitas idéias, só me falta tempo para escrever. Enquanto isso, regalo meus três leitores assíduos com uma porção de bolinho de bacalhau acompanhado de um vinho verde - porque, pelo que já percebi, dois deles moram em Portugal. Vão se divertindo e prometo que as coisas vão melhorar até o fim do ano. Só não me abandonem!

29.11.07

Ô, Claret!

Venho há muito adiando escrever sobre Eduardo Marini (no Jobi, já sem foco). Porque a tarefa não é coisa fácil. Penso em escrever algo que esteja à altura do que ele merece ler. Algo que chegue perto, resvale, se aproxime um pouco que seja, pelo menos uma linha de um livro que um dia ele virá a escrever. Não há nada que meu amigo Claret (este é só para os íntimos) faça que eu não ache graça. Eu me rendo. Ao seu Mengão, seu Benfica e seu Feijão. Nunca houve.

19.11.07

Massa de sapateira




Se eu pudesse, pagaria um salário para Felipe e Josi trabalharem para o Anastácia! As colaborações não páram e são sempre sensacionais. Desta vez, preparam uma "massa de sapateira", um bichão maravilhoso, lindo, pronto para ser devorado. E melhor: em Zimbros, a praia de Santa Catarina que meu casal de amigos transformou num laboratório de experiências culinárias, com o mar em frente, barquinhos... A vida é bela mesmo... Aí vai a íntegra da receita, com recadinho do Felipones. Mais uma vez, super, super obrigada, babies.
“Os ingredientes de Zimbros novamente nos inspiram, proporcionando momentos gastronômicos inigualáveis. Bom, Josi e Felipones colocam a mão na massa, agora numa receita com este bicho, pré-histórico, mas de sabor sem igual.

MASSA DE SAPATEIRA
(receita para duas pessoas)

INGREDIENTES
· 300 gramas de massa, fetuccine, grano duro;
· 2 sapateiras de, em média, 200 gramas cada;
· 200 gramas de bacon, magro, em cubos bem pequenos;
· 8 talos de aspargos frescos;
· 1 ramo de salsa picada;
· 2 colheres de azeite de oliva extravirgem;
· 50 gramas de manteiga;
· 3 col de sopa de creme de leite fresco;
· 1 cebola picada;
· 1 cebola cortada ao meio;
· 1 talo de salsão;
· 1 talo de alho poró;

MODO DE PREPARO

Pré-preparo da sapateira
· Depois de bem lavada, coza a sapateira em água com sal, pimenta do reino, salsão, alho poró e cebola ao meio;
· Cozinhá-las por 40 minutos;
· Retire-lhe as patas e as pinças. Abra a sapateira, extraia o miolo e reserve. Parta as patas e as pinças, extraia todo o conteúdo e junte ao miolo. Retirá-las da água e deixar esfriar.
· Abri-las na dobra entre corpo e cabeça, sem quebrar, para preservar a carne inteira.
· Reservá-las

Aspargos
· Limpar os talos, eliminado as pontas fibrosas;
· Aquecer 1litro de água;
· Cozinhá-los por 5 minutos;
· Tirar da água e reservar o líquido para cozinhar a massa;
· Picar 4 talos em pedaços de 4 centímetros;
· Reservar os talos picados e os inteiros, que vão decorar prato.

Preparo do molho
· Aquecer, em uma frigideira de fundo grosso, 1 colher de azeite de oliva e, em fogo bem baixo, dourar cubos de bacon;
· Colocar cubos de cebola e dourá-los;
· Acrescentar a carne da sapateira, em fogo baixo, e deixar caramelizar (cerca de 10 mintuos).
· Desligar e reservar.

Finalização
· Cozinhar a massa ao dente na água em que foi cozido o aspargo, no máximo por 10 minutos. Dois minutos antes, ligar a panela com sapateiras, acrescentar aspargos, manteiga e a massa direto da panela onde foi cozida.
· Desligar o fogo, colocar creme de leite, mexer rapidamente e servir em pratos individuais;
· Polvilhar salsa cortada grosseiramente e decorar cada prato com os aspargos inteiros.
· Derramar fio de azeite e servir.

Bom apetite.”

12.11.07

Pastel de nata do Parrô

Pastel de nata do Parrô do Valentim, Itaipava, Rio.
Hummm... delícia.

Casas Pedro





Não há lugar no mundo como as Casas Pedro. São centenas e centenas de artigos para culinária. Um verdadeiro paraíso. Mais de 80 temperos diferentes, azeites, cereais, doces, conservas, frutas secas, importados de todos os tipos. Além de tudo isso, as esfihas são deliciosas. Massa fininha, recheio na medida, saborosinha. As Casas Pedro existem há 70 anos na 'Cidade' - como carioca chama o Centro da... cidade.

5.11.07

Bar Luiz



"O Bar Luiz é um dos mais tradicionais e antigos bares em funcionamento ininterrupto no Brasil. Foi fundado em 3 de janeiro de 1887 e está localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro." Está lá no Wikipédia. O Bar Luiz existe há 120 anos. E serve comida alemã - tem uma salada de batatas que não chega a ser melhor que a do Bar Lagoa, mas é gostosa. Salsichões, um chope sensacional (há quem diga que é o melhor da cidade), rosbife. No carnaval, é um animadíssimo ponto de encontro (já cantei marchinhas em cima de uma daquelas mesas).

http://www.barluiz.com.br/

Restaurante Damasco





Demorei, mas voltei! Estou com dezenas de novidades na gaveta, vou soltando aos poucos... Primeiro, vamos ao sensacional kafta do Restaurante Damasco, imperdível, do Centro do Rio. O frango ao molho de alho também não fica para trás, mas quando o assunto é frango ainda prefiro (preferimos, eu e meus companheiros de garfo, Chico e Claret) o galetinho ao molho de limão do Sat's (em Copacabana, ao lado do Cervantes). Fomos ao Damasco com uma fome de dar dó, esperando ansiosamente para provar o babaganush (a pasta de berinjela), que a Danúsia Bárabara, crítica gastronômica do Rio que a gente respeita muito, jurou ser um dos melhores da cidade. Na mosca. A berinjela tem aquele gostinho de defumada, hum... delícia. Arroz com lentilha, kafta no ponto, tudo delicioso.

Restaurante Damasco
Rua do Rosário, 148, Centro do Rio
(21) 2252-7920

22.10.07

Barreado da Pachorra (e do Cyro)





Entrei na sala de meu escritório temporário para ser apresentada aos novos colegas de "redação". Reconheci um sujeito sentado e já fui mandando aquele "Eu conheço você de algum lugar...". Ah, foi rapidinho para a gente descobrir: a velha e boa Curitiba, onde passei bons e deliciosos anos da minha vida, surgiu na conversa. Depois algumas cervejas, Providências (aquela que se toma no boteco), confissões trocadas e eis que aquele sujeito simpático até demais para um curitibano (nascido em São Paulo, como eu, mas curitibano) virou meu "amigo de infância". No último domingo, o malandro levou o último pedaço do meu coração e ganhou meu apreço de vez: preparou um Barreado, assim mesmo, com letra maiúscula, a comida típica do litoral paranaense. Sensacional. Quem provou, amou. O Cyro - Cyrose para os íntimos e não pergunte de onde vem o apelido porque ele vai conseguir te provar que vodca vai bem com qualquer coisa - tem talento com as panelas. O meu barreado ele não vai provar. Primeiro, porque estou com vergonha do pobrezinho, e segundo, porque dá uma preguiça só de pensar em encarar a cozinha para isso... Como bem disse nosso cozinheiro no texto-receita que segue aí embaixo (uma das mais preciosas colaborações que este blog já teve), é preciso pachorra.
O que está em itálico é meu.

"Barreado com pachorra

Há várias formas de se fazer o barreado, prato tradicional do litoral paranaense. O cozinheiro sempre pode dar seu toque pessoal no preparo do rango. Eu sigo a receita da (minha) tia Raquel, que há mais de 20 anos pilota panelas de barro com maestria. Dela, além do interesse pelo fogão, herdei a paciência necessária para conduzir longos processos culinários. Então lá vai:

Ingredientes (para seis mortos de fome, segundo a tia)
· Um quilo de músculo e um de acém, cortados em cubo;
· 200 gramas de bacon magro picado (magro mesmo, sem gordura e sem o couro);
· 2 cebolas médias,
· 1 pimentão verde, pequeno;
· 1 maço gande de cheiro verde, sem coentro!;
· 1 ou 2 colheres de cominho puro, moído (cuidado, o excesso deste tempero “afoga” o prato);
· 2 colheres de sal, inicialmente. No decorrer do cozimento pode-se pôr mais;
· 1 pimenta vermelha dedo de moça, sem semente. Na falta dela, vai uma malagueta, não será heresia;
· 3 a 4 folhas de louro e 2 colheres de chá de pimenta do reino.

Mexe um pouquinho, cozinha um pouquinho
Pique todas as verduras e forre o fundo da panela com elas. Acomode as carnes e o bacon por cima e polvilhe os demais temperos. Não se preocupe com misturas que a coisa vai longe. Cubra com água até o nível da carne.
Reza a tradição e as lendas que o cozimento do barreado deve ser feito em panela de barro, cuja tampa é lacrada com uma goma à base de araruta, dentro de um buraco com brasas. É que no século 19 não havia panela de pressão em Morretes, Antonina e adjacências (cidades do litoral do Paraná, onde o prato nasceu). Qualquer fogão básico e aquela sua velha panela de cozinhar feijão dão conta do recado com muita honestidade.
Cozinhe na pressão entre 40 minutos e uma hora, em fogo baixo. Abra a panela, mexa a carne e reponha a água, se estiver faltando. Repita este procedimento até que a carne fique totalmente desfiada. Em geral, isso acontece de três a cinco vezes, em um intervalo de uma hora para cada “abre” de tampa.
Após a primeira fervida na pressão coloque uma chapinha de amianto sob a panela. Se não tiver, use a forma de pizza, o efeito é o mesmo. Use uma colher de pau pesada ou um soquete de feijão para acelerar o desmanche da carne, que aos poucos se mistura ao molho. Esta alquimia produz o barreado e justifica as horas gastas na frente do fogão.
Cheiro de matar a clientela
Nessas alturas do campeonato o cheiro do grude já estará matando a platéia presente ao convescote. Deixe o pessoal ainda mais esfomeado, sirva uma cachaça de boa qualidade. Comida de litoral sem a “marvada” não tem graça.
Enquanto a turma beberica, deixe o barreado cozinhar com a panela aberta por mais uma meia hora pra apurar o caldo. Acerte o sal e pronto!

Sirva com...
Banana da terra cozida com um pouco de açúcar. A tia orienta comprar as de casca bem preta, com cara de podre. Essas é que são boas. (Banana prata in natura também vai muito bem) Um arroz temperado com alho e cebola e uma boa farinha de mandioca branca completam a arquitetura do prato. Pimenta a gosto.
Diz um ditado “parnanguara” (ou seja, nascido em Paranaguá) que “quando o barreado fica bão, ocê morre de cumê, mas quando ele fica ruim, ocê morre de desgosto”. É isso aí. Se você teve a pachorra de chegar até aqui é porque tem talento pra coisa."

8.10.07

Ricardo Linhares e seu Dry Martini (sem veneno, claro)

Com toda a criatividade que só alguém com o nome de Dolores pode ter, minha amiga me deu a idéia de entrevistar Ricardo Linhares para o Anastácia. Simplesmente, apenas o autor de Paraíso Tropical, com Gilberto Braga. A novela teve três chefs de cozinha como personagens e dois restaurantes em Copacabana, o nariz empinado do hotel Duvivier e o brasileiríssimo Frigideira Carioca. A contraposição entre as comidas "boa e honesta" e "modernosa" apareceu várias vezes ao longo da novela. E os autores claramente elogiavam a primeira e criticavam a segunda. Eis então que faço minhas perguntinhas "simples e despretensiosas". Pleno final da novela, mandei um email. Elegante como eu já imaginava, Ricardo respondeu, apenas poucos dias depois de revelar quem matou Taís (o Bope, dizem por aí). Gente finíssima. Obrigada, Ricardo.
(A foto é do restaurante L'Atelier, de Joel Rebuchon, em Nova York)

"Oi, Inês.

Td ótimo, obrigado. Desculpe a demora em responder. Com o final da novela, foi uma loucura. Agora é que estou conseguindo botar a vida em dia.

Respondo abaixo, bjs, Ricardo

1. O que você pediria no Frigideira Carioca?
Resposta: O clássico escondidinho de carne seca e aipim. Eu adoro esse prato e introduzi no cardápio do Frigideira.
2. O melhor restaurante que você já comeu na vida
Restaurante: L'Atelier, de Joel Robuchon. Em Paris e em Nova York.
3. Um prato inesquecível
Resposta: Todo o menu do El Bulli, do Ferran Adriá, é inesquecível. Experiência única na vida.
4. A melhor bebida para comemorar o fim de uma novela
Resposta: Dry Martini, mas sem veneno...
5. O que é uma "comida honesta"?
Resposta: Simples, consistente, sem pretensão. E saborosa, claro.
6. O que é intragável para você?
Resposta: Culinária modernosa, serviço pretensioso, comida ruim."

Os clássicos





E tome estrogonofe do Bar Lagoa, bife a rolê da Chupetinha, peixe ao molho de camarão com arroz de brócolis e batatas do Sindicato do Chopp, polvo à espanhola da Tasca do Edgar. Na Lagoa, em Vigário Geral, em Copacabana e em Laranjeiras, respectivamente. Como diz o Claret, "nunca houve". Dono destas informações, conclua (e coma) o que bem entender.

29.9.07

O peru de Chico Caruso


Plena madrugada, Chico Caruso no Sindicato do Chopp de Ipanema. Boteco fechando, cadeiras em cima da mesa e ele sentado na janela, filosofando sobre qualquer coisa que não me lembro. O homem ao lado chegou gritando "Chico! Sou seu fã". E minutos depois estavam os dois, ídolo e fã, cantando músicas de Nat King Cole, Frank Sinatra e mais não me lembro - o álcool, o álcool... O sujeito cantava num 'embromation' perfeito e, melhor, imitando as vozes dos cantores, com o auxílio luxuoso de Chico. Cenas de botequim -aliás, acho que estas historinhas valem outra série... Enquanto não faço, fique com mais um capítulo das entrevistinhas, agora, com mestre Chico, que gentilmente falou ao Anastácia, por email.

Qual é o melhor prato para desenhar?
Peru.


Que comida você desejaria que o presidente Lula engolisse?
Lula en su tinta.

A melhor bebida para dividir com os amigos.
Campari com gelo e limão siciliano.


Um prato que é a cara do FHC.
Bouillabaisse.


Uma refeição inesquecível.
Maniçoba de Feira de Santana.


O melhor restaurante onde já comeu.
Delírio Tropical, no bairro do Cabula, em Salvador.

24.9.07

A 'Baixa' Cadeg




A Cadeg, Companhia de Abastecimento do Estado da Guanabara, como o próprio nome sugere, é um mercadão gigantesco, com centenas de lojas. Imagino que, de madrugada, aquilo seja uma loucura. Caminhões entrando e saindo, feirantes e supermercados se abastecendo, gente gritando, andando para cima e para baixo. Mas fui conhecer a Cadeg no sábado à tarde, quando as lojas estão fechadas e rola uma tradicional festa portuguesa, ao ar livre. É sensacional. Os mais frescos devem achar que a Cadeg não está instalada num lugar muito aprazível (em Benfica, na Zona Norte, perto do pavilhão de São Cristóvão e de um monte de favelas). Mas isso não importa. A única coisa que interessa é ver portugueses exilados no Rio (todos vascaínos, claro) dançando músicas típicas a tarde toda, comer sardinha e bacalhau na brasa a preços baixíssimos, tomar cerveja de garrafa na mesa de plástico e ainda sair de lá com sacolinhas cheias de embutidos da terrinha. Dá uma olhada no bacalhau e na sardinha. Humm... delícia.

Cadeg
Rua Capitão Féliz, 110, Benfica
A festa portuguesa começa cedo, antes do meio dia, e acaba lá pelas 17 horas.

20.9.07

Fernando Morais e a Farofa de Bunda de Tanajura

Gostei da brincadeira. E ela começou bem. Este blog inaugura uma série de pequenas entrevistas, para quem entende ou não de comida, com quem gosta ou não de comida. Não espero que sejam muitas, espero que sejam poucas e boas. O escritor Fernando Morais abre alas. Aos bons entendidos, só meias palavras: Olga, Chatô, A Ilha, O Mago. Jornalista da categoria dos mineiros, mineiro de categoria, minêro mês, mineirim, que foi menino lá no interior de Minas. Em Mariana, terra sob a qual está a Mina da Passagem, a maior do mundo aberta à visitação. O Anastácia perguntou e Fernando respondeu, por email, ouro puro.

A melhor bebida para acompanhar o charuto.
Rum añejo. Se não tiver, conhaque.

O melhor restaurante em que já comeu.
O “Buraco da Gia”, que fica no município de Goiana, entre Recife e João Pessoa, na beira da estrada (Rua Padre Batalha, 100 – Goiana – PE). É um mocozinho de nada, mas JK, Gilberto Freyre, Miguel Arraes e Assis Chateaubriand não saíam de lá. Faz o melhor ensopado de guaiamum ao molho de coco do mundo.

Chateaubriand de bistrô francês ou pollo asado de paladar cubano?
Chateaubriand de bistrô francês e pollo asado de paladar cubano. Quem tem colesterol baixo, como eu, pode se dar a ambos luxos.

O animal mais estranho que você já engoliu.
Quando era menino, no interior de Minas, comi muita farofa de bunda de tanajura, ou içá, como dizem os paulistas – uma formigona alada, de traseiro preto que só aparece depois de tempestades tropicais. Muito bom. Anos atrás comi cachorro num restaurante coreano em Caracas, Venezuela. Desde então tenho olhado pro Juca e pro Chico, meus pastores alemães, com outros olhos.

Um prato inesquecível.
Ragu de rabada desfiada com risoto de açafrão feito pela dona Firmina, também conhecida como dona Firmeza, comissária do povo para os assuntos gastronômicos da minha casa.


Qual o molho preferido da sua barba?
Sei que pode parecer uma frescura sem tamanho, mas um bom sauce bérnaise é, esse sim, de babar na barba.

19.9.07

O Prato do Dia de Tiça Magalhães


Tiça Magalhães tem a vida que muita gente pediu a Deus. A moça já conheceu mais de 40 países, trabalhou em hotéis e restaurantes no Havaí, lavou barcos na Califórnia, desbravou o Japão, a Polinésia e as Ilhas Fiji atrás de novidades gastronômicas, esteve na África, e no México. Hoje é 'personal cook' (você vai saber o que é isso) e lança livros de receitas práticas que fazem o maior sucesso.

No próximo sábado, dia 22, às 15:30, Tiça vai lançar, durante a Bienal do Livro no Rio, a terceira edição de "Prato do dia" - que já teve um filho, aliás, o "Prato do dia 2". Vai preparar, ao vivo e a cores na Bienal, algumas receitas do livro, cujo objetivo é oferecer ao leitor opções rápidas e práticas. O Anastácia perguntou e a Tiça respondeu, por email. Depois, uma receita do livro, um camarão rápido e fácil, como ela gosta.

1. O que faz um personal cook?
Dá aula particular. Ensina tudo que a pessoa quer aprender, na casa dela.

2. Alta gastronomia ou comida de boteco?
As duas coisas. Depende do lugar, com quem e em que momento. Só não gosto da comida pesada, com muito óleo, creme de leite, excesso de gordura. Gosto de ervas e bons caldos para darem o sabor especial.

3. O país de culinária mais marcante.
Tenho sangue italiano e adorei o Oriente, Indonésia, Japão, China, Tailândia e Havaí, lugares que possuem o que chamamos de comida oriental. Estive 9 vezes na Indonésia, 2 no Japão e 1 na China. E morei 5 anos no Havaí.

3. Um prato inesquecível.
King Crab do Alaska com molho de manteiga queimada e batata assada no forno com casca e manteiga e ervas.

4. Qual é seu instrumento preferido na cozinha? E o indispensável?
Boas panelas e frigideiras, colheres de pau chinesas de bambu ou de polietileno brancas.

6. Por que fazer um livro de pratos rápidos?
Porque no mundo de hoje as pessoas não tem muito tempo a perder, tem que ser simples, fácil, rápidas e com um toque de sofisticação e uma boa pitada de amor.

Camarão Mauii, de Tiça Magalhães

- Pegue 10 a 12 camarões grandes. Limpe bem e deixe só o rabinho. Salpique um pouco de sal.
- Em um prato, coloque 5 claras mal batidas, em outro, coloque 1 pacote de coco radado.
- Passe o camarão na clara e depois no coco ralado, para empanar bem.
- Depois, é só fritar na frigideira com bastante óleo. Até dourar.
- Retire e sirva com abacaxi grelhado e um bom arroz ao curry.


O Peixe Vivo





Eu namorava o Peixe Vivo havia um tempão. Passava em frente de vez em quando, sempre pensando que poderia ser mais um bom restaurante de CCC - já falei sobre a Comida Carioca de Combate? Como diz um amigo, é a melhor herança que nossos patrícios deixaram no Rio: comida boa, farta e barata. Enfim, resolvi conhecer o tal Peixe Vivo. De fato, bom restaurante de CCC, mas embora a foto sugira um delicioso "Vatapá baiano" (que estava mais para caldeirada de frutos do mar), não é bem assim. Os ingredientes não eram de primeira (o que, no caso de frutos do mar, dá até um certo medo) e o prato não estava saboroso. Comi tudo? Sim, claro. Não estava intragável, mas me senti enganada. Cadê o sabor destes frutos do mar que estão no meu prato?! O garçom esbanjava simpatia, o lugar é agradável - uma espécie de varandão envidraçado acima do nível da calçada, na Toneleros, uma rua bonita e arborizada de Copacabana -, mas a comida, definitivamente, não convenceu. Enquanto traçava meus frutos do mar, fiquei de olho no "bichinho" que o garçom foi mostrar para meus vizinhos... será que eles conseguiriam estragar aquela maravilha? O vatapá grande sai por R$ 62,00 e alimenta muito bem de três a quatro pessoas.

O Peixe Vivo
Rua Tonelero, 76
2255-9225

17.9.07

Meirelles, Saramago e Farta Brutus

O diretor Fernando Meirelles, em seu blog sensacional onde vem descrevendo a realização de seu novo filme, "Ensaio sobre a cegueira", registrou, num texto super legal, o encontro que teve com José Saramago num restaurante em Lisboa. Vale a pena:

"Farta Brutos. Que nome.

Cheguei às 22h30 e fiquei em uma mesa de canto comendo tremoço e aguardando o José Saramago e sua mulher, Pilar, que chegariam a qualquer momento, vindos de uma noite de autógrafos com Mário Soares.

O Farta Brutos é um dos restaurantes predileto de Saramago em Lisboa. O casal mora em Lanzaroti, uma ilha muito árida na Espanha, mas como estavam de passagem pela cidade justamente quando eu voltava de Pequim, resolvi fazer um pit-stop para encontrá-lo e ainda passar um dia na “Terrinha”, aonde nunca tinha estado. Para esse encontro vieram também o Don McKellar, roteirista, e o produtor, NivFishman, diretamente de Toronto.

O restaurante é um lugar muito pequeno, fica na Cidade Velha e tem umas sete ou oito mesas tocadas pelo casal de proprietários. Nas paredes, muitas fotos de gente conhecida e evidentemente muitas imagens do próprio Saramago. Ao chegar, ele cumprimentou os proprietários com a intimidade de alguém de casa. Tentou, mas não pediu os pratos: o dono do restaurante foi simplesmente mandando para a mesa o que achava que deveríamos experimentar. Não parava de chegar comida. (...)"

Se quiser ler o resto, clique aqui. Vale a pena:
O endereço de O Farta Brutus:
Tv. da Espera, 20
Lisboa

Traiteurs de France





Descobri sem querer este pedacinho da França em Copacabana, este fim de semana. O lugar se chama Traiteurs de France e, na frente, é uma boulangerie, com pães, doces e bolos maravilhosos. As mesinhas são assim, ó, com desenhos da Torre Eiffel e outras atrações turísticas da segunda cidade mais linda do mundo - já falei várias vezes que o Rio é a campeã, né? O bolo da foto é de laranja, molhadíssimo, delicioso. Atrás fica o restaurante de culinária francesa, óbvio, mas (ainda) não posso falar sobre ele. O que andei lendo é que serve boa comida a preços mais acessíveis que a maioria dos franceses do Rio. Voltarei, voltarei.

Traiteurs de France
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 386, lojas B/C, Copacabana, 2548-6440