21.9.08

Monique e o pão recheado

Esta espevitada Monique... me contou que andava fazendo pães em casa e sugeriu um relato para este Anastácia. Como sei que a moça escreve bem, nem pensei duas vezes. O resultado é um textinho delicioso, e uma vontade que fica de experimentar o tal pão recheado, hum... Da próxima vez, dona Monique, fotos!

"Não tenho o mesmo talento de Anastácia diante do fogão, é preciso avisar logo. Mas adoro cozinha. Me arrisco em receitas escritas e nas inventadas diante da geladeira desfalcada. Durante a adolescência cozinhei muito com a minha avó, que fazia uma comidinha gostosa toda vida, mas sem grande criatividade. Nessas sessões culinárias,, danei a fazer pães. Aprendi num livro de receitas que adquiri depois de juntar 10 embalagens de açúcar União. Hoje jamais cosneguiria. Um quilo de açúcar dura bem mais de mês lá em casa.

Sempre tive bom olho, erro bem pouco naquilo me arrisco. Pão é sorte de encontrar uma boa receita de massa. Com uma massa boa se inventa à vontade. O que eu mais gostava de fazer era um recheado de ricota com ameixa. Depois de um longo período, reabri a padaria. Sobras de uma festa, havia vários envelopinhos de fermento, uns três sacos de farinha e vários frios dando sopa. "Pão recheado!", pensei.

É claro que não lembrava da receita de cabeça, recorri ao livro de receitas da Ofélia. Nenhuma delas era a ideal, faltavam sempre alguns ingredientes que eu não desceria para comprar. Afinal, era uma receita de reaproveitamento. Ou seja: sem custos adicionais. Resolvi adaptar uma delas. Lembrei que não tinha batedeira, como recomendado no livro. Fiquei receosa, apesar de saber que não preciso de batedeira pra quase nada além das claras em neve. Que o pão, aliás, não requer.

Comecei a juntar os ingredientes: um quilo de farinha, quatro envelopinhos de fermento biológico. mais uma modernidade: era seco, ou seja, não precisaria dissolver no leite. Logo, teria de fazer novas adaptações à receita. Abri um espaço na massa, leite morno, quatro ovos batidos, 150g de manteiga. Vai, ou margarina. Sal, uma colher de açucar. Começou a lambança. Dei uma mexida com a colher de pau pra ajudar na melequeira e, sem cerimônia, meti a mão na massa.

Exige-se um certo esforço. O bom seria ter um homem para fazer o serviço. Misturei até ficar bem homogênea. Gruda um pouco. Gruda muito, aliás. Nada que desanime, entretanto. Dividi a massa em quatro partes, enfarinhei a pia e fiz bolas. Comecei a bater. Sova, sova, sova, sova. Coitado do vizinho do 306, teve de aguentar o barulho. Não é que a massa foi ficando linda, lisinha, lisinha?

Deixei descansar um tempo. O segredo, me ensinou um amigo chef doméstico que sempre consulto, é botar uma bolinha da massa num copo de água. Quando a bolinha subir, a massa terá crescido o suficiente.

Recheei os pães: muita mussarela, presunto, tomate, lombinho, tudo beeem picadinho. Aí é só usar a criatividade. O bom é caprichar no recheio pra não ficar muito seco. Nada de economia! Pincelar bem com um ovo batido (dá para os 4 pães. sim, é o ovo todo, não só a gema). Assa em uns 40 minutos, forno quente. Ah, quando se usa queijo, deve-se fechar beeem o pão pois ele pode escapar quando derreter.

Ter na dispensa:
4 saquinhos de fermento biológico em pó seco (40g)
1,5 copo de leite morno
1 colher de sopa de açúcar
150g margarina
sal, um punhadinho
6 ovos batidos
1kg de farinha de trigo dona benta
1 ovo batido para pincelar
Disposição para sovar a massa por pelo menos 20 minutos."

4.9.08

Urblog (ou como alguém nasceu para o que faz)


Pausa importante nos assuntos gastronômicos para boas-vindas a uma blogueira de responsa.
Eu e Juliana Vilas somos como unha e carne (um monte de gente vai ficar com ciúmes, mas não tô nem aí) há uns bons dez anos. Digo isso para justificar o que vou dizer, como profunda conhecedora da personalidade julianística: ela nasceu para escrever sobre pessoas, cidades, pessoas nas cidades, cidades nas pessoas. O que Juliana Pássara faz hoje, ao registrar suas impressões sobre a cidade de São Paulo e suas pessoas no Urblog (http://urblog.com.br/), é simplesmente o que ela nasceu para fazer. Começou dia desses, e ainda vai arrumar muitas coisas para fazer com o blog, a cidade e as pessoas. Em breve, espero, teremos Juliana Pássara da Selva (de Pedra) nas livrarias, bancas, televisões e onde mais ela puder entrar com suas asinhas enxeridas e suas penas cobertas por roupinhas tomara-que-caia. Eu bem que tentei fazê-la criar raízes no Rio, para ficar mais pertinho de mim, mas não deu certo. A Passarinha gosta de voar entre os prédios. É urbanófila, urbanóide, urbanóloga. E é de São Paulo que ela se alimenta.